quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Devaneios... ou uma obra de ficção

Quando ela deitou para dormir, sua cabeça estava povoada de lembranças, culpas e arrependimentos. A sensação que trazia no peito era de que o tempo havia sido perdido e nada mais poderia ser como antes. Em momentos assim ela costuma ter sonhos fortes. Na verdade seria melhor dizer, sonhos angustiantes! Aquele tipo de sonho que faz o coração acelerar e querer pular para fora do peito!
Importante dizer algo que sempre a deixou curiosa: em seus sonhos nunca consegue conversar com sua já falecida mãe. Há sonhos nos quais ambas se encontram em um mesmo ambiente, mas a figura da mãe vai embora ou some, sem se permitir ser tocada por ela. Os sonhos que mais lhe afligem são os quais tenta telefonar para mãe, mas esta nunca atende! E a filha sabe, sente e percebe que a mãe está perto, apesar das suas esquivas.
Posto isso posso agora relatar o sonho de hoje: Ela estava no penúltimo apartamento que morou com sua mãe, um cenário que já é conhecido dos seus sonhos. Ela acordou na sua cama de solteiro, levantou e foi em direção à sala pensando "o que estou fazendo aqui?? outro sonho com a minha mãe??" A TV estava ligada e as janelas abertas. Era praticamente uma tarde como qualquer outra que mãe e filha haviam compartilhado durante tanto tempo. Ela percebeu que não estava sozinha e ouviu os barulhos suaves que vinham do quarto de sua mãe e pensou "ela está dormindo". Um pouco de receio e medo brotaram na sua pele! Ficou em dúvidas se tentaria uma aproximação. Respirou fundo e assumindo as rédeas de sua coragem caminhou em direção ao quarto que estava com a porta encostada. Tocou levemente na porta, empurrando-a suavemente e assim viu sua mãe, deitada na cama, dormindo e viva. Foram poucos segundos, mas a visão daquele corpo com vida encheu-a de contentamento e saudade! Espantosamente sua mãe acordou e dessa vez não sumiu. Sentou na cama, estendeu os braços e com muito amor disse "Minha filha! Venha até aqui!". Lágrimas passaram a escorrer pelo rosto da nossa sonhadora, que intimamente pensava "Não quero mais acordar!"
Mãe e filha se abraçaram, trocaram beijos, permaneceram com as mãos entrelaçadas! A mãe agora estava jovem, saudável e bonita, dizendo de forma muito carinhosa "Me fez bem todo esse tempo longe de vc! E olhando para vc, minha filha, acho que esse tempo e distância também te fizeram muito bem!". Trocaram confidências e apesar de não lembrar de todas as palavras, a iminência do despertar foi deixando-a aflita. Ela não queria esquecer desse encontro e questionava ainda em sonho "Será tudo isso real?". 
Aos poucos seu corpo foi dando sinais de despertar e no primeiro movimento de abrir os olhos, lágrimas contidas e suaves escorreram por sua bochecha, molhando o travesseiro e deixando a marca do que pode ter sido real... ou não... 

2 comentários:

Karine disse...

Nossa, Grazi... li seu relato e emocionei-me com suas palavras. Eu posso imaginar a dor e a saudade que você sente da sua mãe. Aliás, não posso imaginar... não sei o que é viver com a certeza de que jamais voltarei a ver uma pessoa que eu amo demais. Não digo relacionamentos amorosos. Digo pai e mãe.
Mas, eu acredito, querida Grazi, que isso tenha sido real, sim. Que vocês duas se encontraram, que suas almas se abraçaram e você pôde senti-la uma vez mais a seu lado... Eu acredito nisso e sei que o seu foi real.
Fica na lembrança a delícia desse sonho, o prazer do abraço e o cheirinho de sempre.

Mando-lhe meu beijo, querida Grazi, desejando-lhe muito mais sonhos assim. Que você possa sempre reencontrá-la em seus sonhos.

***GrAzI disse...

Karine: obrigada pelo carinho!!!!!!!!!!!! :o)